Brancas, vazias, vagas de sentido. As cabeças perdidas sem destino escolhem pouco ou nada para se agarrarem ao chão. E agarram-se de tal maneira que se esquecem que existe Céu. Mais tarde, admitem até que não podem olhar para cima porque será tal a desilusão de não existir nada, que mais vale não tentar. E assim tentam criar-se nuvens na terra, pinta-se tudo de azul, escolhem-se pássaros que voem baixo e dá-se o nome de "céu" ao que de facto não é. Com o passar do tempo, os que ainda olham para cima entristecem-se cada vez que uma boca diz que acreditam que há alguma coisa lá em cima, mas que não sabem se é, de facto, o Céu. Fica a esperança. "É o Céu! Já olhaste para cima? Já reparaste que tem nuvens, que muda de cor ao longo de dia, que é infinito e que nunca desaparece?". Pelo menos não desistem de ir tentando contar, a quem quer ouvir, o quão preenchedor é ter algo para olhar quando se deitam na relva de barriga para cima. A paz e a segurança que não se encontra nesses céus que foram sido criados. E, um dia, os que olham alto deixarão de ser desprezados e gozados quando, aos poucos, a luz do Céu já não puder ser escondida. Fica a esperança.
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