As coisas só têm sentido depois de percebermos o porquê. Bem, para dizer verdade nem todas. Mas vamos admitir que uma grande maioria. Temos que nos perguntar sobre elas, certo? Até aqui nada de extraordinário. O problema vem quando as respostas não são tão óbvias quanto pensávamos. Sempre tomámos por certo a grande maioria das coisas. Um dia o prof. César das Neves dizia que a nossa vida é feita à base de confiança, por exemplo: confiamos que o despertador vai tocar e confiamos que o carro não vai explodir, apesar de sabermos que pode acontecer a excepção. Por isso, é normal que eu confie que o mundo é o mundo e que não preciso de o definir por palavras para viver. Ou preciso? Alguém ontem ou hoje lançou esta pergunta para o ar e nem me lembro quem nem onde nem porquê, mas ainda não me consegui livrar dela.
O dicionário tem mais de 14 definições. Mas nenhuma me basta. Vá, não sejamos obtusos para chamar logo a isto "dúvida existencial" ou "regresso à idade dos porquês", porque isto tudo tem uma história por trás. Cheguei a uma altura em que isto faz sentido perguntar, descobrir. E o fundo da questão é capaz de ser a confiança. Acho que estou a tentar descobrir o impacto que tem. Em mim, em ti, em nós. Nos outros. Porque é que deixei de confiar em pessoas para fazer certas perguntas? Se às vezes me sinto deslocada de certos sítios que deveriam ser tão normais, é porque aí não encontro a confiança para perguntar. Porque sei que as respostas não são fundamentadas, não são pensadas. Acho que achamos todos demais. Ontem o pe. Edgar dizia "Já estou farto de opiniões!" e começo a dar-lhe razão. E esses sítios onde não faço perguntas simplesmente vivem de opiniões, o mundo aí é a grande casa dos opinion makers. Respondem o que é mais fácil, o que ouviram dizer por aí, o que querem dar crédito, o que está na moda, o socialmente aceite. Hoje o Fernando Carvalho Rodrigues dizia que as pessoas querem ter uma opinião. Uma opinião! E saber a verdade, querem?
Chego a uma altura em que definições já não interessam sozinhas. Se quero saber o que é o mundo, quero saber o que é confiança. Confiança é acreditar. Por isso, para saber o que é o mundo, tenho que acreditar. Ter fé. FÉ! A semana passada em Missões encheu-me os pulmões de fogo para esticar a mão ao céu e sorrir. Cheguei à conclusão de que assim é que sou feliz. E de que o homem é um ser religioso - seja qual for a religião - porque o ar não se vê, mas sabemos que existe. E isto tranquiliza os pontos de interrogação. Responde a tudo, Ele responde a TUDO! Porque as coisas só fazem sentido depois de sabermos o porquê.
Não sei o que é o mundo, mas sei Quem vive nele.