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segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Carolina é o seu nome

Fiz uma grande descoberta: o meu nome não se deve a nada. Ou melhor. Até se deve. Mas passo a explicar:

Era uma vez uma Mãe grávida já com 3 filhos. «Meninos, como se vai chamar a mana nova?» «Catarina!» «Margarida!» «Mariana!» Depois de pouco tempo de discussão, o nome escolhido foi.... Mariana. Sim, Mariana era perfeito. O Manuel gritava colado à barriga: «Mariana! Consegues ouvir-me? Hoje o jantar é esparguete à bolonhesa!» e logo a Joana se apressava a dizer «Mano, não sejas palerma, ela não ouve nada!». «Ouve sim!!», dizia a MMadalena.
E discussões como esta tornavam-se rotina em casa dos Ogando. Não só sobre a bebé dento da barriga da mãe, mas sobre tudo e sobre nada. A Avó Kiki chama-os de Xutos e Pontapés, e o resto já se imagina...!
Passaram-se os 9 meses até que a Mariana finalmente nasceu, no dia 4 de Maio. Chegou a altura de ir registar o nome "oficialmente". Mas a Mãe Clara estava muito cansada e pediu que o Pai fosse sozinho.
Quando o Pai Miguel chegou a casa vieram logo os 3 mais velhos perguntar: «Então, então? Já é Mariana o nome oficial?»
«Mariana? - perguntou o Pai - qual Mariana? Chama-se Carolina!»
Vitória Vitória, Acabou-se a história.

Ou pelo menos a história do meu nome.
Tinha que tornar a história "apetecível" ou atractiva. Sim, isto é um trabalho de casa de português. E como esta não é aqela historia mais "comprida", tive que puxá-la por algum lado...
Enfim. Aqui fica.
Ah, e já agora:
Prefiro Cacao a Carolina :)


Ah, entretanto, quando comecei a brincar com o meu pai a perguntar-lhe PORQUE RAIO É Q O MEU NOME É CAROLINA? e enquanto ele nao se lembrava de outra resposta (acho sériamente q nao se deve a nada) , saiu-se com "Carolina é o nome da Princesa do Mónaco! Carolina é nome de princesa!..." e a minha mãe"Por acaso a Carolina do Mónaco tem a nossa idade. E Carolina era o nome da moda" , pfff... esta bem está:P

domingo, 11 de maio de 2008

O cilindro dourado
Era uma vez um lançador de argolas que sempre estava a tentar acertar com as suas argolas num "tronco" cilíndrico. Num dia descobriu outro tronco, bem mais longe, mas que era mais fino, sem qualquer mossa, de uma cor dourada e com a base muito bem trabalhada...era o alvo perfeito. Desde esse dia, o atirador apenas usava o velho alvo para treinar o seu alcance para chegar ao seu novo objectivo: o alvo dourado.
O que aconteceu ao cilindro? Isso, é história para outro dia..

sexta-feira, 9 de maio de 2008

A festa
Vestidos arrastam-se pelo chão, o barulho dos saltos a compassar no chão é absorvido pelas conversas cruzadas que circulam pela sala já por si cheia de jazz e de outra música elegante que passa despercebida. "Como está? Não a via desde a festa no outro palácio.... como é que o sítio se chamava...não se lembra? Penso que a vi lá, querida. No aniversário do Piecut, recorda-se?" Por entre sins espampanantes, a indiferença a cada conversa faz-se notar pelos ares de superficialidade ou não fossem estes a única coisa verdadeira que enche a sala. Castiçais e empregados bem fardados enchem o espaço, ambos adornados, ainda que não façam a menos diferença aos presentes. Apenas para servir luz ou bebidas. Restos de plumas no chão misturadas com brilhantes ou purpurinas, tornando-se impossível de distinguir o que veio de vestidos, cabelos ou adornos. Talvez até da maquilhagem nas pálpebras ou no peito descoberto, que assim se tem que estar, tão difícil que é respirar dentro de corpetes esse ar fumarento das cigarrilhas e cachimbos. O que importa é que esse escape do stress, o fumo, não falte ao Dom ou à Condessa, que de chaminés nada têm. Cabelos apanhados em espiral sem princípio ou fim, ou pelo menos com esses escondidos atrás dos aramescos caros que prendem os longos cabelos. Mesas cobertas com saias e por cima uma toalha, que nem precisava de lá estar, de tao coberta está com o conjunto individual para cada uma das 12 pessoas da mesa. Todos têm direito a tudo, três copos (branco, tinto ou...água), dois garfos, porque o terceiro já não cabia, duas facas, isto lateralmente, de cada lado. Entre os copos diagonais e os dois pratos sobrepostos, talheres de sobremesa. Por cima, uma obra de arte em tecido, guardanapo que nem se devia desfazer de tão trabalhado que está. Mas não vamos já por aí, por enquando Vossa Excelência quererá acompanhar-me para junto daquele Senhor que a chama? com certeza. conversas ilusórias, Contactos feitos, risos forçados e os volto já, meu caro gastos..
Essa mão que pega a cigarrilha, flutuando por cima do ombro, palma virada para o ostensivo candeeiro de diamantes - se se descobrisse que é de vidro, a casa estaria em metade das pessoas -, mindinho espetado discretamente, enquanto o outro ombro descai para a frente numa única gargalhada, porque essas não são fáceis de sair sonoramente perfeitas.
Uma perna flectida, a outra singularmente esticada, deixando-se conseguir ver a cor bronzeada que espreita pela comprida racha. Fica elegante, condiz com o corte das costas que é obrigado a acabar no limite.
Há quem tenha conseguido evitar todas as despesas nos último seis meses - o que inclui comida por metade, fica a dieta já despachada - para conseguir comprar aquele anel cinco quilates para o mindinho que não segurará a cigarrilha. E os Senhores Respeitados, esses têm bem merecido o seu anel doirado de brasão também no mindinho, pois querem-se todos a condizer.
O que não condiz é a distância que vai da cadeira à mesa para as Senhoras ou para os Embaixadores... Os embaixadores gostam que sua avolumada e esbelta fronte esteja confortavelmente exposta e pousada sobre as cadeiras desconfortáveis do salão de jantar. Elas, se é que me atrevo a chamar as Excelências por tão comum determinante, conseguem uma maior proximidade com a mesa, o esforço de caber nos vestidos não foi em vão. Ou talvez também a pensar na maior facilidade para a comunicação de detalhes da vida alheia à mesa, nem é preciso cochichar, ninguém quer - nem consegue - ouvir, tão comum é a circulação de rumores nesta classe.
Enfim, gente elegante e exuberantemente...vazia.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Até que...
« O dono de um pequeno comércio, amigo do grande poeta Olavo Bilac abordou-o um dia na rua: "Sr. Bilac, queria vender a minha quinta, que o snhor tão bem conhece. Seria pedri-lhe muito que redigisse o anúncio para o jornal?" Olavo Bilac pegou no papel e escreveu: "Vende-se encantadora propriedade onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e mareantes águas de um ribeiro. A casa, banhada pelo sol nascente, oferece a sombra tranquila das tardes, na varanda." Meses depois, o poeta encontra-se com o mesmo homem e pergunta-lhe se já tinha conseguido vender a quinta. "Nem pensei mais nisso", disse o homem ,"Quando li o anúncio é quepecebi a maravilha que tinha."»*

Quantas vezes os nosso tesouros não nos passam ao lado, deixamo-los pra trás,
até que...
alguém o encontra de novo. Aí olhamos para trás e lamentamo-nos te-lo deixado passar.
Tantas vezes, tantas vezes...

Cada vez mais.
Sem darmos por eles,
os tesouros escondidos.

*Texto do Livro do Visionário

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Desta vez é ficção...
Um baile de máscaras? Izzie não gostava muito disso.. Mas resolveu ir. Afinal, era sempre bom rever amigos! Foi mascarada de cigana.
A meio da noite, já estavam a doer-lhe os pés dos sapatos apertados e teve q ir pôr uns ténis. Foi ao quarto onde estavam as malas e os casacos. A porta estava fechada, e , como nignuém respondeu, entrou.
"Desculpa, não sabia que estava aqui alguém, posso entrar?"
"claro!", disse um (giro) (muito giro) desconhecido. Enquanto ela trocava os sapatos, ouvia-o a mexer e remexer os casacos e as malas. "não encontro o meu telemóvel...", "queres que te telefone?" , "está em silêncio..." Ele continuava a remexer as coisas todas. "há quando tempo conheces a Maria?", perguntou Izzie. "há muito tempo, mesmo, e tu?" , "desde os anos, acho que nada bate..!" , "pois não", disse ele, sorrindo.
Izzie sorriu. "O que foi?" e ela respondeu "já não ficas com o meu número". "Mas queres dar-me o teu número?" , "tu queres que o dê?" , "tu é que querias!" , "eu?" , "vá, dá lá..." , "afinal queres..."

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Ver post paralelo em www.lado-oculto.blogspot.com

Desconhecidos
O metro nunca mais chegava.
Izzie já estava atrasada para ir ter com uma amiga, e ainda tinha que mudar de metro na estação seguinte e sair na última estação da linha seguinte.
A estação estava quase deserta.
Depois dela, desceu à estação um qualquer rapaz, igual aos outros todos. Tinha o seu estilo. Estava sozinho.
O metro chegou.
Izzie entrou para o metro e rezou as suas orações matinais. Parou na estação seguinte para trocar a linha de metro.
Quando olhou para o lado, lá estava ele. O mesmo que tinha entrado na estação em que Izzie entrara.
Estavam longe, mas não por muito tempo. Aos poucos, davam pequenos passos para se aproximarem um do outro. Ela não percebia porque estava a agir assim. Mas estava a divertir-se.
Entraram os dois para a mesma carruagem, quando o segundo metro chegou. Os bancos eram daqueles que são quatro em quadrado: dois virados para dois, e ele sentou-se num deles, encostado à janela, ao fundo da carruagem.
Izzie sentou-se na sua diagonal, no banco da frente.
Ele riu-se.
Ela sorriu.
Ela pôs os pés em cima do banco da frente dela.
Ele pôs um pé em cima do banco da frente, ao lado do banco dela.
Ela riu-se.
Ele riu-se.
De vez em quando ele olhava para ela, discretamente. Ela sentia o olhar. Ela também o fazia, mas de maneira que os olhares não se cruzassem.
Mesmo assim, cruzaram-se.
Izzie reparou que ele tinha uma t-shirt de um concerto ao qual ela também tinha ido.
"Engraçado", pensou ela, "hoje de manhã pensei em trazer a minha. aaaaai, devia tê-a vestido!"
Izzie queria, queria! meter conversa, mas cada vez que abria a boca, não saía nada...
As estações iam passando.
As pessoas iam entrando e saindo, e nenhuma delas reparava no que ali se passava.

Sem saber porquê, de repente, as palavras saíram-lhe da boca:
"Foste ao concerto do JJ?"
Ele olhou-a surpreendido, olhou para a t-shirt e disse "aaaah, a t-shirt! fui, fui! foste?"
"Fui. Adorei"
A partir daí começaram a falar de concertos e Izzie soube que ele tinha ido a mais concertos do que ela iria a vida toda. E muitos dos quais ela tinha pensado em ir ver. Soube que ele era das CdR, e não de Lisboa. Ficava cá durante a semana e ao fim de semana ia ter com a família. Descobriram que moravam perto, em Lisboa.
A conversa ia saindo quando o metro parou na penúltima estação. Ele levantou-se, "Tenho que ir, tchau".
Ela olhou para ele e disse "adeus..."

E viu-o ir-se embora.
Lembrou-se que não sabia o nome dele. Ficou com pena.
Mas Sorriu.
Estava contente, ou quase.
A única coisa que queria era saber o seu nome.
A partir daí, Izzie, sempre que saía de casa olhava em volta, em todas as direcções, para toda a gente, à procura da cara daquela pessoa.
Ela sentia-se vazia, queria saber mais dele.

Ele, o desconhecido.