segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Claridade

O que é ser feliz?
Hoje em dia o mundo gira à volta de conceitos inventados como resposta a esta pergunta. Mas tantas e quase todas as vezes a solução é mais um poço de insatisfação que nos prende à infelicidade.
Até podemos ter tudo, mas porque é que é constante esta insatisfação crónica? Porque é que não nos sentimos bem mesmo quando tudo parece estar encaixado no sítio certo? Porque é que perdemos a vontade de fazer o que quer que seja quando parece existir razão motivadora?
Hoje os meus pensamentos levaram-me a, talvez, uns pequenos pózinhos do que será a resposta à felicidade. Sinto-me feliz, especialmente bem-disposta. A sucessão de acontecimentos, discussões e conversas redescobre uma confiança perdida. É essa confiança que me empurra para a frente, que me faz sorrir por fechar os olhos e confiar no futuro. Sussurra atrás dos ouvidos: "Tudo vai correr bem!". Onde pomos as nossas maiores convicções, os nossos maiores esforços, a nossa alma, aí sim: tem que estar presente a confiança. A fé de que há algo que será sempre seguro. E ainda que isso implique esforço, suor, sacrifício - bem sei: não mais pequena será a paz interior e um sentimento preenchedor que arrebata a alma. Torna-se tão claro, o nosso caminho. Não o destino, mas o caminho. 
Hoje aprendi mais uma vez que, se a palavra "Felicidade" se escreve com F maiúsculo, não é à toa. Acreditar, crer, confiar. E, assim sim: sorrir. 

5 comentários:

Anónimo disse...

Quando estava no secundário li um livro, cujo autor defendia a felicidade enquanto fim último do homem, fim em si mesmo, o que, segundo ele, só um acto teórico seria capaz de satisfazer. Bem, pelo menos é disto que me recordo.

Passado algum tempo, expandiram essa minha amada, dando-lhe contornos práticos, ao mesmo tempo que a libertaram das amarras da realidade e a idealizaram. Transformaram-na num infinito inalcançável para o morredouro. Roubaram-ma.

A frustração, a que esse crime me conduziu, foi saboreada bastante tempo.

Ora, adveio o momento de reclamar de volta a felicidade. Como?

Ao perceber que o universal é particular, e o particular é universal, que o infinito é finito, e o finito é infinito, então eu poderei ser feliz, na medida em que for ideal/universal/infinito, na concordância comigo próprio.

Mas como posso entrar em desacordo comigo próprio? Não farei sempre o que quero, no que se refere a actos voluntários? É certo que sim, no entanto, tenho a possibilidade de ser eu ou menos eu quando ajo...


Passo a explicar:ainda hão aqueles que, apologistas de uma emancipação intelectual, instigam a uma inquisição profunda dos valores, e para tal, exortam ao combate da mansidão, do comportamento de rebanho, reafirmando a importância da vontade de poder. Será este poder que nos conferirá a independência (e solidão)... o poder sobre mim e, principalmente, sobre o outro, mesmo que imposto. O poder. Esta ambição de poder, feroz e atroz, fere-me profundamente. Apoio, decerto, uma interrogação construtiva dos nossos valores, mas o defender a autonomia da vontade, fazendo-a residir sobre o outro, precisamente sobre aquilo que menos controlamos, parece-me contraditório...



Ao agir, se bem que possa considerar os seus efeitos, conquanto não lhe atribuir peso algum na decisão, i.e., ao agir pela acção em si mesma, recupero, de facto, a minha verdadeira autonomia, liberdade.

O agir pela acção em si mesma cria uma identificação igualitária/'concordativa'(?) entre a acção e o Eu ( Eu=(acção=eu)).(Nota: Eu - universal, eu - particular)

Quando introduzimos efeitos/consequências, o nosso Eu=efeito+(acção=eu), levando a que o Eu se reparta em acção e efeitos. Obtermos outros efeitos que não os desejados resulta em Eu>eu. Desta forma, nenhuma das minhas acções me definem plenamente, sou menos, o eu presente na acção é menor/discordante do que o Eu. Parte da minha identidade vaza-se, perde-se na procura dos efeitos desejados, cuja existência escapa ao nosso controlo.

A única maneira segura de nos conservarmos é a de nos vertermos/reflectirmos inteiramente nas nossas acções.



A frase «as tuas acções definem-te». Nunca desejei tanto a aplicação, plena, desta frase à minha vida. Este elogio, na sua plenitude, é a nossa salvação. Desta forma, sermos felizes é sermos Nós...



E para rematar:

Só assim, com este modo de agir, tem o dever-ser a sua única possibilidade de ser, de ganhar existência.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Apaga alguns dos repetidos ou todos se quiseres...
tive um problema na minha ligação e só reparei depois no sucedido.

Desculpa-me, sff.

Cacao disse...

Vou respondendo a isso com o que escrevo. Mas antes disso, o verbo "haver" não tem plural...
"Ainda hão aqueles", dizes tu? No antigo e no novo acordo ortográfico é o mesmo: "ainda há aqueles".
De qualquer maneira, é impressionante como o que aprendi no secundario tambem me marcou sem saber. Nisso nao sou a unica! Que giro saber...!

Anónimo disse...

Pois eu tive essa dúvida, e por isso fui ao priberam:
http://www.priberam.pt/dlpo/Conjugar.aspx?pal=haver

Como vi o verbo conjugado, pensei que pudesse utilizá-lo. Pelo visto estava enganado. Obrigado pela correcção.
;-)