O que é ser feliz?
Hoje em dia o mundo gira à volta de conceitos inventados como resposta a esta pergunta. Mas tantas e quase todas as vezes a solução é mais um poço de insatisfação que nos prende à infelicidade.
Até podemos ter tudo, mas porque é que é constante esta insatisfação crónica? Porque é que não nos sentimos bem mesmo quando tudo parece estar encaixado no sítio certo? Porque é que perdemos a vontade de fazer o que quer que seja quando parece existir razão motivadora?
Hoje os meus pensamentos levaram-me a, talvez, uns pequenos pózinhos do que será a resposta à felicidade. Sinto-me feliz, especialmente bem-disposta. A sucessão de acontecimentos, discussões e conversas redescobre uma confiança perdida. É essa confiança que me empurra para a frente, que me faz sorrir por fechar os olhos e confiar no futuro. Sussurra atrás dos ouvidos: "Tudo vai correr bem!". Onde pomos as nossas maiores convicções, os nossos maiores esforços, a nossa alma, aí sim: tem que estar presente a confiança. A fé de que há algo que será sempre seguro. E ainda que isso implique esforço, suor, sacrifício - bem sei: não mais pequena será a paz interior e um sentimento preenchedor que arrebata a alma. Torna-se tão claro, o nosso caminho. Não o destino, mas o caminho.
Hoje aprendi mais uma vez que, se a palavra "Felicidade" se escreve com F maiúsculo, não é à toa. Acreditar, crer, confiar. E, assim sim: sorrir.
5 comentários:
Quando estava no secundário li um livro, cujo autor defendia a felicidade enquanto fim último do homem, fim em si mesmo, o que, segundo ele, só um acto teórico seria capaz de satisfazer. Bem, pelo menos é disto que me recordo.
Passado algum tempo, expandiram essa minha amada, dando-lhe contornos práticos, ao mesmo tempo que a libertaram das amarras da realidade e a idealizaram. Transformaram-na num infinito inalcançável para o morredouro. Roubaram-ma.
A frustração, a que esse crime me conduziu, foi saboreada bastante tempo.
Ora, adveio o momento de reclamar de volta a felicidade. Como?
Ao perceber que o universal é particular, e o particular é universal, que o infinito é finito, e o finito é infinito, então eu poderei ser feliz, na medida em que for ideal/universal/infinito, na concordância comigo próprio.
Mas como posso entrar em desacordo comigo próprio? Não farei sempre o que quero, no que se refere a actos voluntários? É certo que sim, no entanto, tenho a possibilidade de ser eu ou menos eu quando ajo...
Passo a explicar:ainda hão aqueles que, apologistas de uma emancipação intelectual, instigam a uma inquisição profunda dos valores, e para tal, exortam ao combate da mansidão, do comportamento de rebanho, reafirmando a importância da vontade de poder. Será este poder que nos conferirá a independência (e solidão)... o poder sobre mim e, principalmente, sobre o outro, mesmo que imposto. O poder. Esta ambição de poder, feroz e atroz, fere-me profundamente. Apoio, decerto, uma interrogação construtiva dos nossos valores, mas o defender a autonomia da vontade, fazendo-a residir sobre o outro, precisamente sobre aquilo que menos controlamos, parece-me contraditório...
Ao agir, se bem que possa considerar os seus efeitos, conquanto não lhe atribuir peso algum na decisão, i.e., ao agir pela acção em si mesma, recupero, de facto, a minha verdadeira autonomia, liberdade.
O agir pela acção em si mesma cria uma identificação igualitária/'concordativa'(?) entre a acção e o Eu ( Eu=(acção=eu)).(Nota: Eu - universal, eu - particular)
Quando introduzimos efeitos/consequências, o nosso Eu=efeito+(acção=eu), levando a que o Eu se reparta em acção e efeitos. Obtermos outros efeitos que não os desejados resulta em Eu>eu. Desta forma, nenhuma das minhas acções me definem plenamente, sou menos, o eu presente na acção é menor/discordante do que o Eu. Parte da minha identidade vaza-se, perde-se na procura dos efeitos desejados, cuja existência escapa ao nosso controlo.
A única maneira segura de nos conservarmos é a de nos vertermos/reflectirmos inteiramente nas nossas acções.
A frase «as tuas acções definem-te». Nunca desejei tanto a aplicação, plena, desta frase à minha vida. Este elogio, na sua plenitude, é a nossa salvação. Desta forma, sermos felizes é sermos Nós...
E para rematar:
Só assim, com este modo de agir, tem o dever-ser a sua única possibilidade de ser, de ganhar existência.
Apaga alguns dos repetidos ou todos se quiseres...
tive um problema na minha ligação e só reparei depois no sucedido.
Desculpa-me, sff.
Vou respondendo a isso com o que escrevo. Mas antes disso, o verbo "haver" não tem plural...
"Ainda hão aqueles", dizes tu? No antigo e no novo acordo ortográfico é o mesmo: "ainda há aqueles".
De qualquer maneira, é impressionante como o que aprendi no secundario tambem me marcou sem saber. Nisso nao sou a unica! Que giro saber...!
Pois eu tive essa dúvida, e por isso fui ao priberam:
http://www.priberam.pt/dlpo/Conjugar.aspx?pal=haver
Como vi o verbo conjugado, pensei que pudesse utilizá-lo. Pelo visto estava enganado. Obrigado pela correcção.
;-)
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