Vou-me perdendo. Vou ficando sei saber onde ir; vejo-me sair sem chão.
O vaguear pela rua traz-me a casa sem pensar bem como. Os pensamentos cegam-me o caminho, deixo que os pés me levem pelas ruas que decorei.
Sem música, finalmente.
Percebi que a necessidade que vou tendo dela vem da tentativa de calar a minha cabeça. Sei o que me vai custar perceber e concretizar a razão. Mas desta vez obrigo-me a pensar nisso, a mentalizar-me do pior. Escava, dói, desfalece e... faz renascer.
Atravesso a rua com sinal vermelho. Não passam carros.
Faço-me forte, batalha interior que me leva a alguém diferente. A confusão de pensamentos que por fim não consigo calar faz explodir agressivamente palavras que quis conter. Por sorte encontro quem me ajude a levantar e que me diga que foi só um arranhão. Não percebi que guardavas de mim sentimentos tão contraditórios. Se pudesse mudava os anos que passaram para que te levassem onde não ficaste. Substituída, guardo sorrisos debaixo da almofada sabendo que o acumular me fará feliz. E sou-o.
Esta noite vagueio de luz desligada, deixo que os meus olhos fechados me levem até ti até me ver a dançar por cima do teu ombro. Assim, em silêncio. Tu, eu e a música.
Um dia hei-de perceber como foi que vim aqui parar.
Por agora, deixo que a música pense por mim.
4 comentários:
Ignoro a origem da sua habilidade de reavivar o morto, o empedernido por anos de desolação.
Questões sobrevêm-me, a dúvida ritmada sobressalta-me. Inquieto, revolvo-mo na minha cama, o calor oprime-me. Está um calor infernal, afinal, é o pico do verão.
Deitado, penso, em ti, em mim, em nós. Vislumbro o teu rosto amável na penumbra da noite solitária. Alegre, com os olhos marejados de lágrimas, fantasio sobre o que poderíamos ter sido, as infinitas possibilidades, reduzidas a uma...à insuficiente.
Nostálgico, do que não foi, nem nunca será...
A música potencia-me para lá dos meus limites, insinuando-se no meu corpo. Preenche o vazio deixado por ti, para te desenhar no meu olhar. Nisto, desvaneces-te no cerrar dos meus olhos.
E, resultante da sua finitude, a música pára, o arroio seca, e a última gotícula aparta-se de sua pátria, humedecendo-me, enquanto escorre lentamente, a face, indo findar os seus dias no meu travesseiro...
Enganei-me numa palavra. Esta é a versão correcta.
Ignoro a origem da sua habilidade de reavivar o morto, o empedernido por anos de desolação.
Questões sobrevêm-me, a dúvida ritmada sobressalta-me. Inquieto, revolvo-mo na minha cama, o calor oprime-me. Está um calor infernal, afinal, é o pico do verão.
Deitado, penso, em ti, em mim, em nós. Vislumbro o teu rosto amável na penumbra da noite solitária. Sorridente, com os olhos marejados de lágrimas, fantasio sobre o que poderíamos ter sido, as infinitas possibilidades, reduzidas a uma...à insuficiente.
Nostálgico, do que não foi, nem nunca será...
A música potencia-me para lá dos meus limites, insinuando-se no meu corpo. Preenche o vazio deixado por ti, para te desenhar no meu olhar. Nisto, desvaneces-te no cerrar dos meus olhos.
E, resultante da sua finitude, a música pára, o arroio seca, e a última gotícula aparta-se de sua pátria, humedecendo-me, enquanto escorre lentamente, a face, indo findar os seus dias no meu travesseiro...
Quem é o autor da música? e o título?
Foi inspiradora...
Ludovico Einaudi - divenire
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