sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Dilação

O tempo pára. Num momento tão singular como o anterior, inerte. É a habitualidade do episódio que o dignifica, que exige uma admiração particular. Não compreendes. Mas isso faz parte do misticismo do momento. É altura em que te levas como sempre, que te arrastas pelo tempo com a certeza de que o dia seguinte existirá. Em paz, não te perguntas de nada, deixas-te seguir, simplesmente. E, por isso, bloqueio o avançar do tempo. Obrigo-me a decorar o que vejo, sentir o que oiço.
Não percebes, não tens que perceber. Continua a fazer o que não estavas a fazer enquanto aqui fico contemplando como quem sorri, saboreando como quem cheira, sentindo como quem escuta.

3 comentários:

Anónimo disse...

Gostei deste teu texto. Não sei como é que tu páras o tempo. Eu só com a solidão. E a solidão pode ser muito perigosa. Escancara as portas da tua mente, sem critério, nem controlo. Tanto podes ter uma epifania como ser sobressaltada pelos teus medos e pensamentos.
Talvez para quem tenha paz, seja diferente...

Cacao disse...

Não o páro com solidão, mas sim com a única pessoa que não me deixa nunca na solidão :)

Anónimo disse...

:-) Quem me dera ser assim tão afortunado...