quarta-feira, 12 de março de 2008

À Memória do Esquecimento

Embrenhado na minha memória, acto a que as fotografias dos placares da exposição dos 50 anos do agrupamento 73 de Carnide convidavam e mergulhado numas quantas conversas banais com uns quantos amigos, senti-me afogar na ignorância. Ignoro a maior parte das coisas que já fiz, das atitudes que tomei, da impressão que criei nas outras pessoas. É quando dou comigo a falar dos velhos “velhos tempos” com os “antigos” e actuais escuteiros ou com ex-colegas e amigos que sinto “que debaixo dos meus pés naufragam barcos”* em plena terra!
É curioso verificar, quando nos reencontramos no meio das histórias divertidas do passado, que as nossas memórias não se parecem. Será possível recuperar todas as estranhas e divertidas histórias de então? A nossa memória é capaz de reter apenas uma miserável parcela do passado. Vivemos no esquecimento e não damos por isso. Não nos preocupamos com isso. Mas de quando em vez, numa fotografia, num filme velho, numa canção antiga, no clássico diário empoeirado, nos cadernos das escolas da nossa infância e da nossa adolescência, numa conversa animada com velhos amigos, numa exposição sobre o passado, como foi o caso, é nos permitido ver de perto, atónitos de espanto, um imenso mar de esquecimento…

* Avrom Sutzkever

1 comentário:

(n)Ana disse...

Esquecer também pode ser bom...
Mais.
Às vezes é mesmo necessário.

Um brinde ao esquecimento!