terça-feira, 6 de novembro de 2007

Este post pode ser completo pelo post do mesmo título em http://www.lado-oculto.blogspot.com/

Fugacidade
Sempre vi, no meio das centenas de transeuntes que vejo diariamente, uns tantos que passem a correr, a andar a alta velocidade de um lado para o outro.
E quem ainda não viu?
Com tanto stress as pessoas desligam-se do mundo, correm para aqui e para ali e os "bom dia" e "obrigada" são esquecidos, mesmo sem intenção. As pessoas de repente vêm-se sem ninguém com quem falar porque, em vez de terem construido amizades, andavam preocupadas a ver se conseguiam não chegar 5 min atrasadas a algum lado.

O problema foi quando passei a ser uma dessas pessoas.
Não que me tenha descuidado nas amizades (não cheguei a esse ponto...!). Mas simplesmente passei a correr de um lado para o outro.
Nesta semana que passou, vi-me obrigada a fazer um "horário" de tarefas a fazer e reparei que nunca tinha tido uma semana assim. Por entre escuteiros, aulas, estudo (e ainda nem foi com testes!, imagine-se como seria se ainda tivesse q estudar a dobrar), programas e novas ocupações, todos os dias estavam recheados e pouco tempo sobrou para mim e para me dar ao mundo.
Isto é, vi-me com pouco tempo para reflectir, para escrever, para desenhar ou para perder (u ganhar) tempo nas conversas qu mais gosto, com amigos.
Estava a cair no mesmo abismo em que a Alice (no país das Maravilhas) caiu, rodeada de relógios grandes, gigantes, pequenos ou ínfimos, a ouvir tic-tac, tic-tac...
"Não tenho tempo para nada!" , pensava.
Até que percebi que afinal, achava era que tinha tempo para tudo.
Tinha-me predisposto para fazer tudo e mais alguma coisa e, por isso, preenchi todos os segundos que tinha.
Ontem a noite, hoje, tinha também programas e coisas (até importantes) para fazer, reuniões marcadas. Mas não fui. Talvez tenha sido um bocado irresponsável, mas precisava de não ir.
Ou pelo menos pensar "Não fui...".
Esta pressa rotineira estava pronta para continuar a sua corrida. Mas pus um stop nos programas e agora estou a fazer com que passe tudo num filtro.
Cheguei à conclusão que o facto de querer fazer tudo, estar em todo o lado, faz com que cada coisa seja menos "feita", tenha menos empenho, seja mais vazia.
E por mais poético ou piroso que isto pareça, temos que pôr um bocadinho de nós em tudo.
Deixar a nossa marca.
E isso exige menos corrida rotineira.
E a cada coisa terei que dar mais tempo.
É isso que eu quero.
E que isso se torne máxima universal.


"Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal", Kant

2 comentários:

Pedro de Arimateia disse...

Corrermos de um lado para o outro, nao termos tempo para pensar, falar, conversar, é completamente aterrador. É interessante ver como ao long do teu post, tu reconheces o problema, mas tambem reconheces como o vais resolver. Não creio que tenha sido um acto irreflectido teres faltado a algumas coisas que tinhas marcado, preferiste parar um bocado, e isso é sempre bom (desde que não seja em demasia!).
Acho que é importante nunca entrármos numa rotina, isso é perdermos a noção disso que tu falaste: Deixar a nossa marca. Qd entramos numa rotina, deixamos de o fazer.
Mas com calma, sabe-se aproveitar e deixar a marca em tudo o que fazemos :)

Anónimo disse...

Muitos Parabéns pelo blog. Passei por aqui apenas para dar uma espreitadela mas perdi-me no TEMPO que escasseia e no mundo (interessantíssimo) que é este teu blog. Continua. ;)

.feio_do_irc.

ps.(gosto da maneira como escreves: simples e despreocupada mas de forma muito directa e clara)