segunda-feira, 29 de outubro de 2007

relativamente ao artigo:
http://sol.sapo.pt/blogs/jas/archive/2007/06/02/Um-tempo-de-decad_EA00_ncia.aspx

A meu ver a arte abstracta não é “um recuo na civilização”, não é “característica de um tempo de decadência” nem uma “renegação do tempo em que vivemos”.
Talvez para alguns a arte figurativa seja old fashion, mas isso são apenas opiniões. Penso que a procura pelo abstraccionismo em vários tipos de arte, ou, pelo menos, a fuga da arte figurativa, caracteriza a nossa época. Não que isso seja positivo ou negativo. É apenas um facto.
De facto a fotografia levou também ao desaparecimento de novos quadros como os que conhecemos do renascimento e do romantismo. No entanto, não acho que substitua os de Leonardo Da Vinci ou de Eugène Delacroix. Esses demoraram meses ou até mesmo anos a ser pintados, mostram o seu talento incomparável e transmitem a visão de alguém no mundo. A fotografia é apenas uma cópia real da realidade.
É interessante como a fotografia, que em princípio seria objectiva, tem vindo a desenvolver-se como abstracta, procurando pormenores ou pormaiores. Talvez isso seja o espelho da tentativa dos fotógrafos de fazer como os pintores: mostrar a sua perspectiva sobre o mundo. E como é isto possível? Através de fotografias com jogos de luz em paisagens de flores, com uma avenida citadina rodeada de prédios ou com uma borboleta com o céu azul de fundo que possam representar o sentimento daquele que a capta.
Assim como os renascentistas demoravam o seu tempo a esculpir a estátua perfeita – fazendo muitos estudos, desenhando-a em diversas perspectivas, esculpindo-a em ponto pequeno, esculpindo as várias partes separadamente – também os fotógrafos podem demorar muito tempo a conseguir fotografar aquele momento que os inspira e que querem apanhar.
Não sei se considero a fotografia como uma arte como o é a pintura. Mas lá que existem fotografias artísticas, isso não o nego.
Nem todos os títulos dos quadros de arte abstracta são ou têm que ser “Sem título”. Aliás, até somos nós, espectadores, quem devemos dá-los. Posso dizer até que, aquando uma observação prolongada de um destes quadros, posso gostar muito mais deste do que um figurativo. Isto porque, entre riscos e cores, consegue-se (algumas vezes, claro está) dar um sentido lógico ao quadro. Não que a pintura figurativa não o permita, mas simplesmente ficamos limitados, já que o quadro nos encaminha para uma certa temática. Ou seja, se olharmos para ele e acharmos que se trata, por exemplo, de uma representação abstracta de Vida, podemos subentender que as espirais pretas são os problemas da vida e que os traços claros são os momentos mais felizes. Assim fica percebido um quadro inteiro e por vezes até ficamos arrepiados e a pensar como será possível transpor-se tudo isso para uma tela.
Mas de repente pergunto-me se não serei eu, que estou a dar significado ao quadro que, afinal, nem tinha título, a autora dele. Afinal não há nada escrito pelo autor que nos diga que aquilo é a representação da Vida…

Embora nos possamos questionar sobre isso, a arte é algo que suscita emoções no espectador e, por isso, o abstraccionismo pode ser, e é, arte. Mesmo que o quadro seja só um risco branco em cima de uma tela preta. E quem diz pintura, diz escultura ou fotografia.

E isto não é sinal de decadência civilizacional. É apenas uma manifestação do artista. Agora, só porque o faz a nível figurativo, não quer dizer que seja menos artista por isso. Talvez não seja o melhor pintor figurativo, talvez não tenha presente as proporções reais do corpo humano, mas sabe exprimir-se (e, parecendo que não, isso pode ser difícil) e fazer com que o leitor da sua arte sinta alguma coisa (seja interesse, repugnação, adoração ou desprezo) em relação ao quadro. Arrisco até dizer que a arte abstracta pode ser sinal de um desenvolvimento positivo da psicologia humano, na medida em que o pintor ou o espectador perde (ou ganha) tempo a fazer uma introspecção e avaliação do quadro, habituando-se a pensar sobre as coisas, não sendo apenas um receptor de informação mas também alguém que interioriza, armazena e aprende (acerca dos outros e acerca de si) com essa informação.

(sim, vo por isto no portefolio de psicologia :P, afinal, deu-me uns bons minutos d escrita..!)

4 comentários:

Anónimo disse...

ora vai ver:
http://inviaggiocoltaccuino.blogspot.com/


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(do not publicar mine identité sim?:) )
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Anónimo disse...

:) fazes bem em incluir no portfolio, está bem argumentado ;)

Cacao disse...

qem és tu, "quelqu'un"? :P

mana, nao de identifico, nao, mas ate parece q nao sabem qem és:P lool

Anónimo disse...

o que eu estava procurando, obrigado