terça-feira, 30 de outubro de 2007

No outro dia num intervalo de almoço comecei a ver o filme "O Amor não tira férias".

vi só a primeira meia hora e fiqei agarrada ao filme..
pedi à dona do dvd qe mo emprestasse e vim p casa toda contente vê-lo.
bem,
só digo:
o filme é lindoooooooo....!!
é MESMO giro!
e não, não é so pq o Jude Law faz o filme, nem o acho especialmente giro, eheh:P

Ai, e soube-m tão bem ficar no sofá a ouvir a música do fim do filme..
Em relação ao fim, digamos qe era um quanto previsível. mas azar. Afinal, ainda me ri um bocado à conta do filme. Bons actores, bons cenrários, boa música, boa história...
sei lá.
Não é um DAQUELES filmes...
É uma sopa de sábado à tarde, mas,... é giro. é acolhedor...!
é para ver com uma mantinha à volta:P eheheh

Bem, meninas: aconselho!
rapazes: er... sem comentários. não qero ferir susceptibilidades...!:P
-post paralelo da semana; ver a outra face da moeda em www.lado-oculto.blogspot.com -

Halloween
31 de Outubro

De facto esta é uma festa americana. É lá que dia 31 à noite as crianças se vestem de bruxas, fantasmas e de múmias e vão de casa em casa pedir doces.

Sou apologista de que cada país deve ter os seus próprios costumes e que essas coisas são todas americanadas (mais uma data p ter desculpa (a cada empresa) de vender o seu produto. A swatch vende o relógio do halloween, saem no cinema filmes de terror, a bolicao dá tatuagens q brilham no escuro com morcegos, etc. Mas isso quase só vende bem nos EUA...

Acontece q desde há uns anos que a minha turma se encontra em casa da Raquel (carnaxide olé olé) na véspera de feriado e nos vestimos de qq coisa fora do normal e cor-de-laranja, pintamos umas verrugas e toca de sair de casa com o caldeirão na mão e ir bater Às portas da rua e dizer "doçura ou travessura". Agora qe penso nisso, estou no 12º, bolas, ainda faço isto?? faço, e depois? divertimo-nos à grande, atrofiamos um bocado, demoramos meia hora (mais qe isso, pronto :P) a escolher o filme e, melhor que isso: À MEIA NOITE ESTAMOS A NADAR EM DOCEEEES!!! sim, porque as pessoas efectivamente DÃO as coisinhas gostosas q têm lá em casa. Dizem quase sempre "ah, se me tivessem avisado ontem que vinham eu tinha comprado qq coisa p voces!" . mas a verdade é que vamos todos os anos e bolas, ainda não sabem?? :P mas nao faz mal, arranjamos sempre MONTES de bolachas (é o "último caso" das pessoas, e nós não nos importamos nada!!).

Este ano a proeza repete-se. Amanhã à noite é dia de Halloween e vou dormir a casa da Ráqui. Falamos até altas horas (e, considerando q é dia de aulas, se adormecermos tarde, é proeza..!) e no dia seguinte pegamos nos colchões e deslizamos em cima deles pelas escadas abaixo.. É O MELHOOOOR! é mesmo giro fazer surf das escadas abaixo.. ai se os pais da Raquel descobrem...:P

Enfim, não gosto muito de estrangeirismos, mas, já que esta festa é motivo para grande diversão nossa, já é o nosso halloween. É divertido, é memorável, é nosso.

E acho que quem está de fora não consegue perceber bem isso.
Somos ciranças?
Talvez.
Mas gostamos de o ser.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

relativamente ao artigo:
http://sol.sapo.pt/blogs/jas/archive/2007/06/02/Um-tempo-de-decad_EA00_ncia.aspx

A meu ver a arte abstracta não é “um recuo na civilização”, não é “característica de um tempo de decadência” nem uma “renegação do tempo em que vivemos”.
Talvez para alguns a arte figurativa seja old fashion, mas isso são apenas opiniões. Penso que a procura pelo abstraccionismo em vários tipos de arte, ou, pelo menos, a fuga da arte figurativa, caracteriza a nossa época. Não que isso seja positivo ou negativo. É apenas um facto.
De facto a fotografia levou também ao desaparecimento de novos quadros como os que conhecemos do renascimento e do romantismo. No entanto, não acho que substitua os de Leonardo Da Vinci ou de Eugène Delacroix. Esses demoraram meses ou até mesmo anos a ser pintados, mostram o seu talento incomparável e transmitem a visão de alguém no mundo. A fotografia é apenas uma cópia real da realidade.
É interessante como a fotografia, que em princípio seria objectiva, tem vindo a desenvolver-se como abstracta, procurando pormenores ou pormaiores. Talvez isso seja o espelho da tentativa dos fotógrafos de fazer como os pintores: mostrar a sua perspectiva sobre o mundo. E como é isto possível? Através de fotografias com jogos de luz em paisagens de flores, com uma avenida citadina rodeada de prédios ou com uma borboleta com o céu azul de fundo que possam representar o sentimento daquele que a capta.
Assim como os renascentistas demoravam o seu tempo a esculpir a estátua perfeita – fazendo muitos estudos, desenhando-a em diversas perspectivas, esculpindo-a em ponto pequeno, esculpindo as várias partes separadamente – também os fotógrafos podem demorar muito tempo a conseguir fotografar aquele momento que os inspira e que querem apanhar.
Não sei se considero a fotografia como uma arte como o é a pintura. Mas lá que existem fotografias artísticas, isso não o nego.
Nem todos os títulos dos quadros de arte abstracta são ou têm que ser “Sem título”. Aliás, até somos nós, espectadores, quem devemos dá-los. Posso dizer até que, aquando uma observação prolongada de um destes quadros, posso gostar muito mais deste do que um figurativo. Isto porque, entre riscos e cores, consegue-se (algumas vezes, claro está) dar um sentido lógico ao quadro. Não que a pintura figurativa não o permita, mas simplesmente ficamos limitados, já que o quadro nos encaminha para uma certa temática. Ou seja, se olharmos para ele e acharmos que se trata, por exemplo, de uma representação abstracta de Vida, podemos subentender que as espirais pretas são os problemas da vida e que os traços claros são os momentos mais felizes. Assim fica percebido um quadro inteiro e por vezes até ficamos arrepiados e a pensar como será possível transpor-se tudo isso para uma tela.
Mas de repente pergunto-me se não serei eu, que estou a dar significado ao quadro que, afinal, nem tinha título, a autora dele. Afinal não há nada escrito pelo autor que nos diga que aquilo é a representação da Vida…

Embora nos possamos questionar sobre isso, a arte é algo que suscita emoções no espectador e, por isso, o abstraccionismo pode ser, e é, arte. Mesmo que o quadro seja só um risco branco em cima de uma tela preta. E quem diz pintura, diz escultura ou fotografia.

E isto não é sinal de decadência civilizacional. É apenas uma manifestação do artista. Agora, só porque o faz a nível figurativo, não quer dizer que seja menos artista por isso. Talvez não seja o melhor pintor figurativo, talvez não tenha presente as proporções reais do corpo humano, mas sabe exprimir-se (e, parecendo que não, isso pode ser difícil) e fazer com que o leitor da sua arte sinta alguma coisa (seja interesse, repugnação, adoração ou desprezo) em relação ao quadro. Arrisco até dizer que a arte abstracta pode ser sinal de um desenvolvimento positivo da psicologia humano, na medida em que o pintor ou o espectador perde (ou ganha) tempo a fazer uma introspecção e avaliação do quadro, habituando-se a pensar sobre as coisas, não sendo apenas um receptor de informação mas também alguém que interioriza, armazena e aprende (acerca dos outros e acerca de si) com essa informação.

(sim, vo por isto no portefolio de psicologia :P, afinal, deu-me uns bons minutos d escrita..!)

sábado, 27 de outubro de 2007

Nova inspiração atinge blog

Parecendo que não, este blog até tem alguns visitantes diários. Não, não é assim tão pouco visto... E, dado q um desses visitantes é o "Pedro de Aritmeia", mais conhecido por André (ou não seria seu verdadeiro nome) (oh, bolas, estraguei-te o disfarce) (ou não.. afinal, é o teu lado-oculto) é alguém que, sabe-se lá de onde, arranja bastante ispiração assim de um minuto p o outro.

E, como qualquer pessoa, tem as suas insónias d vez em qdo. Acreditem ou não, durante uma delas fez-se-lhe luz e adivinhe-se: lembrou-se de fazer uma parceria de blogs comigo, ou melhor, com o meu blog.

"Em que consiste isso?", perguntam vocês. Pois eu respondo: basicamente, e assim muito rapidamente, todas as semanas escolhemos um post e cada um de nós escreve no respectivo blog qq coisa sobre o tal.

Portanto, não me querendo prolongar mais, deixo-vos o anúncio de qe estão para vir ao q chamo "posts paralelos".

Não deixem de visitar o blog do André:
http://www.lado-oculto.blogspot.com/

sexta-feira, 26 de outubro de 2007


O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte ---
Os beijos merecidos da Verdade.


excerto de "Horizonte", Fernando Pessoa

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

respirAAAAAAAR.....

inspira, expira...
adoro respirar fundo.
o problema é q me esqeço de o fazer..
e as vezes demais...!

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Telenovela Matemática

Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.

Olhou-a cm seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base...
Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides, boca trapezóide,
Corpo ortogonal, seios esferóides.

Fez da sua
Uma vida
Paralela à dela.
Até que se encontraram
No Infinito.

"Quem és tu?" indagou ele
Com ânsia radical.
"Sou soma do quadrado dos catetos.
Mas pode chamar-me Hipotenusa."

E de falarem descobriram que eram
O que, em aritémica, corresponde
A almas irmãs
Primos-entre-si.

E assim de amaram
Ao quadrado da velocidade da luz.
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Rectas, curvas, círculos e linhas sinusoidais.

Escandalizaram-se os ortodoxos
das fórmulas euclidianas
E os exageros do Universo Finito.

Romperam-se convenções newtonianas
e pitagóricas.
E, enfim, resolveram casar-se.
Constituir um lar.
Mais que um lar.
Uma perpendicuLar.

Convidaram para padrinho
O Poliedro e a Bissectriz.
E fizeram planos, equações e
diagramas para o futuro,
sonhando com uma felicidade
Integral
e diferencial.

E casaram-se e tiveram
uma secante e três cones
muito engraçadinhos.
E foram felizes
Até àquele dia
em que tudo, afinal,
se torna monotonia.

Foi então que surgiu
o Máximo Divisor Comum...
Frequentados de Círculos Concêntricos.
Viciosos.

Ofereceu, a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.

Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais Um Todo.
Uma Unidade.
Era o Triângulo
chamado amoroso.
E desse problema ela era a fracção
Mais ordinária.

Mas foi então,
que Einstein descobriu a Relatividade.
E tudo o que era expúrio
passou a ser Moralidade,
Como, aliás,
em qualquer Sociedade.


NOTA: nao sei por quem foi escrito, mas é a melhor telenovela matemática de sempre!

Dedicado a Inês _ _ _ _ _ Cassiano, por ser a minha parceira e sóce no Desterro da Matemática! SOMOS AS MAIORES, PÁAA!


sábado, 20 de outubro de 2007

Vejam lá se descobrem como é q estas foram tiradas;)! é preciso ter muita imaginação!







e, com base nestas e noutras fotografias fizeram um filme MESMO giro:

(granda paciência, fazer isso fotografia a fotografia...!)

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Dá um mergulho no mar
Dá um mergulho sem olhar para trás
Dá um salto no ar
Só para veres do que és capaz

Arrisca mais uma vez
Nem que seja só por arriscar
Nunca se tem muito a perder
Dá um mergulho no mar

Há tantas coisas por fazer
E tantas por inventar
Dá um mergulho no mar



E tu vais ver
Tu vais jogar
Tu vais perder
Tu vais tentar
Mais uma vez
E tu vais ver
E tu vais rir
Tu vais ganhar

Tens pouco tempo para ser só teu
Não esperes nem deixes passar
Essa vontade que quer
Dar um mergulho no mar

Arrisca mais uma vez
Nem que seja só por arriscar
Nunca se tem muito a perder
isto sim, é design!

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

terça-feira, 16 de outubro de 2007

MIKA - stuck in the middle

I sit and think about the day that you're gonna die,
Your wrinkled eyes betrayed the joy with which you smiled.
Care to see my reason?
Care to put your life in mine?
Lookin' at life from the perspective of a boy
Who's learned to love you but has also learned to grow.
Could we make it better, stormy weather,
So hard to know

Oh, oh, oh - Is there anybody home?
Who will believe me, won't deceive me, won't try to change me?
Ah, ah, ah - Is there anybody home?
Who wants to have me, just to love me?
Stuck in the middle.

I look at you,
You look at me,
We bite each other.
And with your bitter words you kick me in the gutter.
But my troops are bigger than yours
You'll never stand my fight.
Ours is a family that's based upon tradition
But with my jealous words I tread upon your vision.

Are five kids better than one, who'd doesn't like to be gone?

Oh, oh, oh - Is there anybody home?
Who will believe me, won't deceive me, won' try to change me?
Ah, ah, ah - Is there anybody home?
Who wants to have me, just to love me?
Stuck in the middle.

Yea...Yea...Yea...This is just who I am,
This ain't a greater plan to break your heart over me.
I know that what I've started means that when we have parted
I can live in honesty

Oh, oh, oh - Is there anybody home?
Who will believe me, won't deceive me, won't try to change me?
Ah, ah, ah - Is there anybody home?
Who wants to have me, just to love me?
Stuck in the middle.

domingo, 14 de outubro de 2007


"Um Azar do Caraças"
(linda tradução, de facto...)

Depois de terem passados uns meses de uma "loucura" (uiui), dois jovens voltam a estar juntos para se conhecerem e ser pais. (ou qq coisa assim...!).
(Claro q pessoas como a minha siss' dizem q é uma taaanga de filme, mas pronto, apetece-me passar uma hora e qq coisa a rir:P)

Com Seth Rogen, Katherine Heigl (IZZIE - anatomia de grey :P), Paul Rudd, Leslie Mann, Jay Baruchel, Jonah Hill, Jason Segel e Martin Starr no elenco.

Estreia 18 Outubro 2007

Fiquem com o divertido trailer:
http://www.apple.com/trailers/universal/knockedup/medium.html
Escher e as ilusões de óptica



sábado, 13 de outubro de 2007

"os teus olhos perseguem o meu sorriso"

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Advertising Awards 2007







quinta-feira, 11 de outubro de 2007

"Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura"

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Quem tem olhos para ler, leia.

A Justa imoralidade
por João César das Neves

Na actual confusão moral da civilização ocidental existe uma surpreendente ordem subjacente. Se usarmos a estrutura ética clássica vê-se que o nosso tempo despreza todas as virtudes que ordenam a pessoa a si própria e exalta as que regulam a relação com os outros.

Este facto insólito é evidente, mas passa despercebido porque hoje quase ninguém conhece a doutrina clássica das virtudes. Isto mostra que a referida confusão moral nasce basicamente de um problema de conhecimento. A principal dificuldade ética da actualidade é que se ignoram os critérios e se lhes desconhece a fundamentação. As pessoas hoje são, não tanto más, mas sobretudo ignorantes.

É evidente que, no confronto global com as outras culturas, as nossas tradições morais soçobraram rapidamente. Hoje o Ocidente tem mais conhecimento e interesse pela filosofia de Confúcio, Buda ou Maomé do que familiaridade com a moral de Aristóteles, Cícero e S.Tomás. Isto vê-se bem nas livrarias. Parece que todo o edifício secular da ética ocidental se desmoronou neste século. A origem da fragilidade é fácil de identificar. Desde a reforma protestante, a civilização europeia entrou num corropio de filosofias que foi minando a sua solidez. Ao racionalismo seguiu-se o iluminismo, o utilitarismo, o materialismo, o existencialismo.

Após quase 500 anos de deriva, a filosofia moral contemporânea caiu no relativismo emotivista, onde o critério é o capricho.

Quer isto dizer que se vive actualmente num vazio moral? Não. Existem, pelo contrário, aspectos em que a ética atingiu hoje níveis de elevação nunca antes imaginados. Nós vivemos no tempo que definiu os direitos humanos, que mais lutou contra o racismo e a discriminação e mais reduziu a pobreza e a tirania. Nunca, em qualquer época ou civilização, houve tanto esforço e empenhamento público e privado para criar justiça social, igualdade de direitos, harmonia e cooperação internacional. Com leis e organizações, esforços comunitários e pessoais, o nosso tempo conseguiu avançar muito na criação de uma sociedade justa e igualitária.

É verdade que continuam a existir corrupção, abusos, ditaduras, pobreza, roubos e morticínios. Mas esses factos, que sempre se verificaram, são hoje geralmente repudiados com um vigor e uma unanimidade nunca igualadas. Apesar de a opinião pública parecer tolerar crimes graves, como o aborto, temos de dizer que, em geral, avançou-se muito no campo da justiça. Aliás, do alto dessas realizações, o nosso tempo erigiu-se mesmo em juiz da História, e repudiou o seu passado porque nele existiu escravatura, colonialismo, discriminação das mulheres, miséria e desigualdade.

Assim, olhando para a justiça, nas suas múltiplas realizações sociais, temos de dizer que somos mais virtuosos que nunca. Mas, além dela, existem também outras virtudes morais para ordenar a relação de cada um consigo mesmo. E, curiosamente, se o nosso tempo atingiu grande elevação nas virtudes sociais, ele ignora quase completamente as virtudes pessoais. Quando confrontado com os seus desejos, instintos e paixões naturais, o ser humano actual ignora critérios. Mais um problema de conhecimento.

Na alimentação, no modo de vestir e de falar, no sexo, no luxo, a humanidade ocidental não exige qualquer ordem, para além do impulso do momento. Desde que não prejudique os outros - ou seja, não levante problemas de justiça - cada um pode fazer o que quer. A temperança, a castidade, a honra, a modéstia, a paciência, a magnanimidade, a humildade são, em geral, desconhecidas. A simples menção dessas virtudes suscita risos ou indignação. Elas são vistas como imposições de velhos, que prendem as pessoas numa vida chata e seca, e levantam graves limitações à liberdade pessoal.

O nosso tempo confunde liberdade com falta de critério.

O fundamento secular destas virtudes vem, tão só, da busca da felicidade pelo domínio racional dos instintos e o equilíbrio no comportamento.

Um tempo tão humanista como o nosso deveria compreender tal esforço, mas simplesmente despreza-o. Nada tem a dizer sobre isto, a não ser no campo legal, dos direitos e liberdades, porque trata todas as questões como se fossem de justiça. Mas a questão não é de leis. É de atitudes.

A nossa sociedade, muito exigente na ética relacional, desconhece simplesmente os critérios do comportamento pessoal. As teorias ecológicas e naturistas dos nossos dias até exaltam os instintos corporais. As consequências deste desequilíbrio são os múltiplos comportamentos insólitos, aberrantes ou simplesmente ridículos que vemos. E a profunda miséria moral que eles manifestam. O prazer substituiu a felicidade.

A extravagância, o exagero, o exibicionismo são hoje admirados e incentivados. Não há limites na ambição, no orgulho, na curiosidade. O suicídio e a eutanásia são aceites. A droga domina e o pudor é um conceito desconhecido. Perante o normal fascínio dos jovens pelo sexo, dizem-lhes que tudo é permitido, se evitarem a sida e a gravidez. Embebedar-se é brincadeira e comer com excesso é um feito. A família tem por finalidade apenas o prazer egoísta e, por isso, é instável e multiforme. Em certos casos, voltou-se mesmo ao paganismo mais boçal dos cultos báquicos.

O projecto moral da nossa sociedade é o de criar severas regras comunitárias e uma forte rede de relações sociais, mas entre pessoas sem critérios no seu comportamento íntimo. Os pensadores, do parlamento à televisão, apregoam a força da justiça e o vácuo de virtudes pessoais.

Claro que, na vida concreta, as pessoas não podem deixar de seguir as "virtudes antiquadas", pois seria impossível viverem uma vida equilibrada sem elas. Mas fazem-no de forma desordenada e inconstante, porque lhe falta a fundamentação. Sempre o problema de conhecimento.

O resultado está à vista. Vivemos na primeira civilização que busca ansiosamente a justiça mas se esqueceu da honra. E que, apesar de nadar em prazeres, não consegue ser feliz.


Diário de Notícias,18de Outubro de 1999

quinta-feira, 4 de outubro de 2007


Sei lá
Porque estou assim
Sinto-me bem por fora
Mas cá dentro há uma voz que quer gritar

Não foi
Nao foi de repente
Que fiquei mudada e Revoltada
Por não conseguir explicar

Quero só
Lançar-me ao mundo
Abrir os braços sem medo
Fechar os olhos, sentir o vento a bater na cara
...e, então...
gritar bem alto:
EU ESTOU AQUI!